Conhecer o solo, fazer a revisão dos equipamentos e montar um plano de irrigação são cuidados fundamentais.
A adoção de boas práticas hídricas é importante para a pecuária. O manejo correto das pastagens irrigadas, por exemplo, eleva a produtividade e evita gastos desnecessários, além de economizar água. Ainda hoje, muitos pecuaristas encontram dificuldade no gerenciamento da irrigação. Para auxiliar o produtor, a Embrapa Pecuária Sudeste lançou o guia “Boas Práticas Hídricas na Produção Leiteira” com algumas dicas e orientações para melhorar a pastagem e a produção leiteira. Para quem tem pastagem irrigada, conhecer o solo, fazer a revisão dos equipamentos e montar um plano de irrigação são cuidados fundamentais.
1 – Projeto de irrigação
Antes de iniciar a elaboração de um projeto de irrigação, é indicado fazer o levantamento de todos os recursos necessários, como disponibilidade de planta planialtimétrica, capacidade de armazenamento de água do solo, máxima demanda de irrigação da(s) cultura(s), fonte e tipo de energia a ser utilizada (óleo diesel, energia elétrica monofásica ou trifásica) e máxima vazão de água disponível para outorga de uso de recursos hídricos.
2 – Análise do terreno
Para analisar o terreno, a orientação é fazer o levantamento planialtimétrico da área a ser irrigada, preferencialmente com curvas de nível de metro em metro, medir e incluir na planta a distância e o desnível da área irrigada à fonte de água. No caso de utilização de água de poço, medir e anotar o desnível da boca ao nível dinâmico do poço, que é a profundidade da boca até o nível da água com a bomba do poço em operação.
3 – Amostragem do solo
O guia afirma que é importante abrir trincheiras na área a ser irrigada para fazer a amostragem das camadas do solo e medir a profundidade efetiva do sistema radicular, a camada de solo que contém 90% das raízes da cultura. Outra dica é fazer a amostragem de solo nas paredes da trincheira, retirando-se amostras deformadas (em sacos plásticos) e indeformadas (em anéis metálicos) para cada camada de solo (Exemplo: 0-20 centímetros; 20-40 centímetros; 40-60 centímetros), desde a superfície até a profundidade efetiva do sistema radicular.
As amostras deformadas são utilizadas para determinar a composição granulométrica do solo (porcentagem de areia, silte e argila). As amostras indeformadas são utilizadas para determinar a densidade global e a capacidade de água disponível (CAD), que é o máximo armazenamento útil de água do solo.
4 – Demanda de irrigação
O ideal é utilizar dados climáticos para fazer o balanço hídrico e estimar a demanda máxima de irrigação das culturas irrigadas, como pastagens, canaviais e campos de produção de feno, milho ou sorgo para silagem e outros. De acordo com as orientações da Embrapa, a definição da máxima demanda é necessária para fazer o projeto de irrigação e evitar a falta ou o desperdício de água.
5 – Intervalo máximo entre irrigações
É importante iniciar o projeto de um novo sistema de irrigação ou o projeto da reforma de sistemas antigos calculando o intervalo máximo entre as irrigações. Para isso, são consideradas a demanda máxima de irrigação e a capacidade de água disponível.
6 – Energia elétrica
Se for utilizar energia elétrica, a dica é verificar o padrão de energia disponível para saber se é monofásica ou trifásica, para definir a máxima potência do(s) motor (es). Segundo a Embrapa, a limitação é mais severa em redes de energia monofásica.
7 – Pressão e volume
Para saber se a pressão de saída está correta, o produtor deve instalar um manômetro com glicerina na saída da tubulação, próximo à bomba do sistema de irrigação. Dessa forma será possível saber se o funcionamento do sistema está de acordo com as necessidades previstas projeto. Já para controlar o volume de água é necessário instalar um hidrômetro na tubulação de recalque.
8 – Aspersores
Para garantir que a área está sendo irrigada da forma correta, o ideal é que os aspersores sejam vistoriados ao menos uma vez por ano. Também é recomendável checar anualmente a pressão na saída dos aspersores. Para isso deve-se adaptar um manômetro com glicerina a um tubo metálico de pequeno diâmetro, menor que o diâmetro dos bocais dos aspersores.
9 – Evite desperdício de água
Para evitar desperdício, a dica é checar anualmente todos os componentes da estação de bombeamento, como válvula de pé com crivo, conexões e tubulação de sucção, bomba, conexões e tubulação de recalque. Procurar por vazamentos na tubulação de sucção também é importante para o funcionamento correto do sistema. Em sistemas automatizados, é indicado checar com frequência os dispositivos de acionamento e liberação de água estão funcionando corretamente para evitar problemas de distribuição de água.
10 – Manejo da irrigação
O produtor precisa utilizar ao menos um método de manejo da irrigação, que geralmente é feito com o auxílio de medições da umidade do solo ou de dados climáticos, e também de tabelas de controle, em papel ou eletrônicas. Segundo a Embrapa, há vários métodos disponíveis para cada situação. Também é importante buscar orientação técnica para planejar, instalar, manter em ordem e operar o sistema de irrigação, de modo a obter os melhores resultados possíveis.
Fonte: SF Agro